Você se considera uma cantora vocacionado ou assumiu essa arte por opção ?
R: Eu sempre acreditei que cantar tinha sido uma escolha, que por gostar demais de música e por desejar demais eu tinha desenvolvido a aptidão pra isso. Mas a cada dia que passa eu percebo que a música é algo muito forte pra mim, é como se fosse uma extensão do meu corpo, como se fosse um membro e por isso eu não conseguiria viver sem. Cantar definitivamente não foi um capricho, eu nasci pra isso e por isso esse desejo sempre foi tão persistente.
Alguma música ou cantora a inspirou no início da carreira ?
R: Muitas! Não só cantoras, mas cantores também. Meu pai era um colecionador de discos e eu ouvia todos. De Caetano Veloso a Pink Floyd, de Alceu Valença a Rita Pavone. Tinha meus ídolos, claro: Balão Mágico, Xuxa, O Trem da Alegria... rsrs! Quando comecei a cantar, já adolescente, tive duas grandes inspirações: Marisa Monte e Shakira. Era pra elas que eu olhava e dizia “quero ser você quando crescer”.
Com que idade começou a cantar ?
R: Comecei aos 14 anos, na mesma época que comecei a tocar violão. E comecei a cantar por influência do meu professor, que me inscreveu em um festival de música e eu pude cantar pela primeira vez em um palco.
Que gênero musical você interpretava quando começou a cantar ?
R: Sempre gostei de MPB como um todo! Do frevo à bossa nova, mas também era apaixonada por pop rock. Eu sempre fui louca por música, na verdade. Independente de gênero. Comecei a cantar profissionalmente numa banda de pop rock chamada Som Estéreo Rock Clube. Depois passei por bandas de forró, sertanejo, até que segui carreira solo e optei pelo samba. Hoje trabalho com samba e forró e não me surpreende a possibilidade de acordar amanhã querendo montar um show de jazz!
Alguém mais em sua família se dedicava ou se dedica à arte musical ?
R: Sim, muita gente, de ambos os lados. Tenho muitos primos instrumentistas, uma tia, inclusive, foi diretora de conservatório de música em Brasília. Muita gente na minha família toca ou já tocou profissionalmente, e os que não são profissionais também cantam nem que seja de brincadeira, como fazia o meu pai.
Frequentou aulas de música, ou é autodidata ?
R: Sim, sempre estudei música e estudo até hoje. A música requer um treinamento constante. Os maiores artistas do mundo estudam e se dedicam ao ofício com afinco. Eu já frequentei escolas de música, mas atualmente estudo em casa.
Você toca algum instrumento musical ?
R: Eu não gosto de dizer que toco, eu sempre digo que estudo esses instrumentos. No caso, piano e violão. Acho que só vou me considerar instrumentista quando tiver total domínio do instrumento, então... digamos que eu “tiro um som”. Rsrs!
Além de cantar, você também compõe ?
R: Componho pouquíssimo! Mas todas as minhas composições renderam ótimos frutos. A música Pra Cima de Mim, que compus em parceria com meu pianista e diretor musical, André Victor, foi finalista do Prêmio Multishow em 2013. A música Enfim Só, também composição nossa, está em várias coletâneas e já participou de inúmeras mostras de música e festivais. Minhas composições são muito honestas, até meio raivosas, então eu dificilmente componho, preciso de algo muito intenso como inspiração.
Em que idiomas, além do Português, você costuma cantar ?
R: Gosto muito de cantar em inglês, mas também canto em espanhol e francês. Adoro música internacional, a sonoridade é tão diferente, cada vez que canto em outro idioma é como se fosse uma cantora nova, acho divertido.
Ainda bate aquele friozinho na barriga ao subir no palco perante uma plateia lotada ?
R: Sempre! Com o tempo a gente vai adquirindo mais segurança, claro. O medo de errar se transforma em desejo de agradar, de dar o meu melhor, seja pra uma plateia lotada ou para três pessoas em uma mesa de bar. Show é show, o respeito é o mesmo independente da quantidade de pessoas que estão me assistindo/ouvindo. E é esse respeito pelo palco e pelo público que faz o coração disparar.
Em que regiões do Brasil você costuma se apresentar ?
R: Ainda não tive oportunidade de cantar em outras regiões, meus shows geralmente acontecem na Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco.
Já realizou apresentação artística fora do Brasil ?
R: Ainda não, mas tenho muitos planos pra isso.
Quais são os gêneros musicais básicos de seu repertório ?
R: Samba e Forró.
Na sua visão de música profissional, qual é o gênero musical que predomina hoje no mercado fonográfico do Brasil ?
R: A música sertaneja, sem sombra de dúvidas. Seguida do forró estilizado.
Já participou ou pretende participar de algum programa de calouros ?
R: Ainda existem programas de calouros? Percebo que todos, ou pelo menos boa parte dos participantes de programas de TV com disputas musicais são profissionais. Inclusive, o currículo do artista conta pontos na hora de ingressar no elenco desses programas. Nunca participei, mas participaria numa boa.
Qual é sua opinião sobre o programa The Voice Brasil, da Rede Globo ?
R: Acho maravilhoso! O Brasil tem muitos artistas bons que seguem no anonimato por falta de oportunidade de mostrar seu trabalho. O The Voice Brasil é uma chance de aparecer pro país inteiro, de conquistar fãs e oportunidades. Acho que tudo é válido na hora de mostrar sua música pro mundo.
Você acredita que um cantor jovem possa vencer apenas pelo talento que possui, mesmo sem ter dinheiro para alavancar a carreira ?
R: Claro! Tantos artistas têm se destacado e conquistado espaço apenas com vídeos online. É claro que requer esforço e dedicação extra, é diferente de aparecer na TV, de ter uma gravadora apoiando... mas dá pra conquistar muito espaço se o trabalho for bem feito e tiver um diferencial. O talento ainda vale muito, em minha opinião.
Considera que o incentivo oferecido pelo Governo à arte musical é suficiente ou deixa a desejar ?
R: Acho que a cultura sempre fica por último na lista de prioridades. Alguma pessoas chegam a dizer que música e a arte em geral é “supérfluo”, não precisa de incentivo e investimento. Triste.
Que conselho você daria a uma jovem que está começando na carreira de cantora ?
R: Não seja mais do mesmo. Não cante algo só porque tá na moda ou porque você acha que dá dinheiro. Se você não cantar sua verdade não vai convencer ninguém. Não seja igual às outras, porque iguais a elas já existem elas!
O governo gastou milhões com a Copa e vai gastar mais com a Olimpíada. Você acha esse dinheiro seria melhor empregado em gastos com cultura ?
R: Sim! A cultura é permanente, é um bem pra toda vida. O conhecimento nas artes pode mudar o destino de uma pessoa. Um instrumento musical, um curso de teatro, uma
formação em dança podem ser decisivos no rumo que uma criança vai tomar na sua vida. Imagine só o que poderíamos conseguir se milhares de pessoas tivessem acesso a isso!
Você recebe ou já recebeu algum incentivo do poder público para o desenvolvimento de sua arte musical ?
R: Sim, atualmente estou trabalhando como produtora executiva em um projeto aprovado pelo FIC – Fundo de Incentivo à Cultura Augusto dos Anjos, do Governo do Estado da Paraíba.
O que você cobraria do atual governo, participando de uma passeata de protesto?
R: Cobraria que a verba fosse aplicada para os fins a que ela se destina. Se isso fosse feito a realidade dos artistas nesse país seria outra. Já soube de milhões que retornaram porque a prefeitura de Campina Grande em uma gestão anterior não utilizou a verba destinada à produção cultural com a desculpa de que “não tinha com o que gastar”. Poxa, com tantos artistas precisando de incentivo, com tanta carência de festivais, de eventos, de movimentos culturais...
Na sua opinião, o Ministério da Cultura cumpri fielmente o seu papel de incentivo às artes ou deixa a desejar ?
R: Acho que existe uma dificuldade burocrática pra que a massa tenha acesso a esse incentivo, o que impede que boa parte da sociedade possa se beneficiar disso. É algo que precisa ser estudado, melhorado, pra que o Ministério possa de fato trabalhar em parceria com a comunidade.
Além de cantora, você tem alguma outra vocação ?
R: Tenho vocação para a arte e o entretenimento. Tenho Meio do Céu em Libra, nasci para trabalhar com artes, com beleza e com atividades que levem alegria às pessoas. Sou formada em Comunicação Social, acho que não saberia trabalhar sem contato com o público.
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